No giro do Maracá

Na obra “No giro do Maracá” quis representar a única coisa que une os povos indígenas nesse momento que é o rezo, os rituais coletivos ou pessoais. Para isso, trouxe a imagem do Maracá e, claro, vários grafismos que são comuns a vários povos indígenas, simbolizando e trazendo a coragem da onça, a paciência do jabuti, a fluidez do peixe e a força da samaúma, representando as medicinas da floresta. Nos povos indígenas o Maracá não é só um instrumento musical, mas sim uma verdadeira ferramenta de cura, ela tem o poder de chamar os encantados pra nos ajudar nos momentos sagrados e de afastar os espíritos e energias ruins, como uma limpeza mesmo. Então, pra mim dentro de um Maracá corre um universo cósmico muito poderoso e na minha obra quis representar esse universo fora do Maracá no momento do ritual de como seria se todo mundo pudesse ver, e trazer essa reflexão que estamos isolados nesse momento em nossas aldeias mas estamos conectados com nossos parentes através de nosso rituais e de nosso encantados.

Benício Pitaguary

Eu sou Benício Pitaguary, liderança jovem do Povo Pitaguary, sou da aldeia Monguba, no município de Pacatuba no Estado do Ceará. Eu sou artista plástico, especialista em grafismos e pinturas corporais indígenas; articulador do Museu Indígena Pitaguary; licenciado em Geografia pela UFC e comunicador do Mídia Índia . Meus pais são indígenas, mas nasci e cresci na periferia de Fortaleza e desde muito novo tinha habilidade com desenhos, de início gostava muito das artes de graffiti que via nas paredes da periferia, mas, a partir dos meus 18 anos tive meu primeiro contato com grafismo indígenas no meu povo e me apaixonei por essa expressão de arte. Desde então tive a oportunidade de ter contato com várias povos com que fui aprendendo direta e indiretamente conhecimentos e técnicas de pinturas corporais, e hoje minha vida gira em torno dos grafismos indígenas.