Francisco Reginaldo da Silva Santos “Reginaldo Kanindé”
Em uma manhã ensolarada daquelas que contagia, onde o brilho do sol resplandece a alegria, um velho índio contava uma história que existia. Segundo ela, o Brasil seria uma aldeia só, com índios de toda parte tornando a força maior, mostrando que se aperta ou se desamarra o nó. O dia estava próximo, seria uma pandemia vinda de outro continente que a todos contagia. Se achava que era gripe, mas ela só parecia. A rapidez da doença seria de admirar, contagiava pelo toque, ao tossir e espirrar era algo impressionante transmitida pelo ar.
No ano de 2020 tudo isso se inicia, vinda de outro continente chega aqui a pandemia e para todo o país em menos de 30 dias. Uma doença bem séria, sem ter nem comparação, pois não existe vacina e nem outra medicação, só existe uma forma até aqui no momento, é ficar todos em casa, fazendo isolamento.
A vida mudou bem rápido, é quase tudo parado, cada um em sua casa com a família ao lado, porém ainda se arriscando para ir até o mercado, na farmácia ou na cidade, tendo o maior cuidado.
Cada aldeia isolada, fechada no seu lugar, restrita à sua área para cuidar e preservar, pois não dá para ir à luta, com os parentes se juntar, seria muito arriscado sem ter nem comparação, pois o vírus poderia causar a dizimação, que seria a morte de toda população.
Já com tantas ameaças a quase todo momento, surge mais essa agora, causando grande sofrimento, mas a luta continua em tempos de isolamento. Agora todos distantes, mas com o mesmo sentimento de permanecer unidos e não parar o movimento.
Criaram-se várias teias em meio ao isolamento, trocando informações a quase todo momento, mostrando que os indígenas também têm conhecimento. Embora todos isolados em meio a pandemia, uma arma ganha força, chamada tecnologia. As notícias correm rápido e todos conectados de toda parte do Brasil, indígenas de todo canto, coisa que nunca se viu, como se cria uma rede de uma forma tão sutil.
Todos nas redes de comunicação em busca de direito, relatando violências e buscando respeito, lutando pela dignidade e igualdade de direito, enfrentando preconceito, desigualdade e desrespeito. Dessa forma, o Brasil se transformou em aldeia onde todos os indígenas fazem parte dessa teia.
Distantes, porém unidos em meio ao isolamento, pois a luta continua a todo e qualquer momento, na alegria, na doença, na dor e no sofrimento. A história do velho índio hoje é realidade, somos todos seres humanos, essa é a realidade, apenas nossas culturas nos dão nossa identidade.